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“Ferida do retorno”: o que a psicologia diz sobre morar fora e voltar

Quem tem experiência em viver fora do Brasil sabe que se trata de uma balança de ganhos e perdas. Novas felicidades, mas também novas angústias. Não se sentir totalmente completo é o preço que paga quem se aventura muito entre indas e vindas por novos mundos.

E um dos fatores mais sérios e também mais desprezados durante uma mudança de país é a dificuldade de adaptação quando se vai e quando se volta para o país de origem.

Crises de ansiedade, isolamento, sentimento constante de tristeza, choros. Parece que ninguém compreende ou se importa com o que você está passando. Esses são apenas alguns dos sinais de alerta de que algo pode não estar dando certo nesse processo de mudança ou readaptação.

Dificuldade de adaptação ao chegar no país estrangeiro

A psicóloga Andrea Sebben é especialista em psicologia intercultural, a ciência que foca exatamente neste tipo de situação. Ela mesma já morou em países como Itália, Bélgica e Espanha, por isso já passou na pele as dificuldades de recomeçar em outro país.

Sebben estava no Canadá quando o Já Fez as Malas? procurou a profissional para esclarecer dúvidas sobre o assunto. Por meio do telefone, ela comenta que muitas vezes o imigrante se coloca numa situação de marginalização quando vai para um país e não cria vínculos com a nova cultura e o novo local. “A pessoa não se sente em casa e acaba por responsabilizar os outros. Ela diz que as pessoas não dão abertura, não são simpáticas. Mas na verdade é ela que não acolhe o país. Que rejeita”.

Muitas vezes, a válvula de escape de quem se encontra neste quadro seria então continuar com os mesmos hábitos do Brasil, assistindo aos mesmos programas de televisão, falando apenas português, convivendo apenas com brasileiros, aponta Andrea.

Segundo alerta a profissional, esse tipo de quadro só tende a piorar. “É um tiro no pé”, reforça.

“Ferida do Retorno”

Já quando o assunto é voltar de uma longa temporada fora do Brasil ou mesmo um intercâmbio de um ou dois semestres, o problema pode ser mais sério e profundo do que muitas vezes achamos. Nem sempre se trata apenas de parar de olhar as fotografias tiradas para relembrar os momentos vividos durante o intercâmbio. Nem sempre essa angústia é resolvida ao tentar fazer novas amizades e visitar novos lugares na cidade onde se mora.

O que já foi chamado de “síndrome do retorno” por outros estudos e Andrea Sebben define como “ferida do retorno” é algo sério e é preciso estar atento aos sinais para buscar a ajuda necessária quando preciso. “Quando você volta, você perdeu a cumplicidade com seu país de origem. Perdeu a inocência, porque agora você tem outras realidades dentro de si e aí que se começa a questionar: por que o Brasil é assim?”.

Nós chamamos de ferida porque ter dificuldade de se adaptar em outro país é uma coisa. Mas ter dificuldade em se adaptar no próprio país, aí sim é uma ferida.

Os principais dilemas de quem volta

Quem volta para o Brasil depois de uma experiência no exterior acaba notando que ao mesmo tempo que parece que nada mudou, as pessoas seguiram a vida sem a sua presença. Relacionamentos acabaram e outros começaram. As pessoas envelheceram, alguns adoeceram, outros mudaram de rumo profissional, seus melhores amigos acabaram por fazer novos amigos e alguns entes queridos podem já até ter partido dessa para uma melhor. É quando constatamos que ninguém é indispensável e que a vida não para enquanto tentamos decidir o que é melhor para nós.

Muitas vezes fica o questionamento se não seria melhor ter continuado fora ou se não vale a pena começar a se programar para sair do país novamente. Essa é, sem dúvida, uma opção válida. No entanto, vale ter em mente que uma segunda experiência neste local pode não ser igual a vivida anteriormente. Os amigos feitos no exterior podem ter que voltar para seus países de origem, sua forma de ver esta cidade pode ser diferente com o tempo, pois não é aquele olhar admirado de quem acaba de chegar pela primeira vez.

Além disso, nós mudamos e as cidades também. Quem apenas foi estudar e agora terá que encontrar um trabalho também verá que todo lugar tem um pouco (ou muita) burocracia e nem tudo é só romantismo. É preciso ponderar essa escolha com cuidado e, mais uma vez, pesar os prós e contras.

Quanto tempo demora para conseguir se readaptar no país de origem?

Segundo a psicóloga, não há bem uma média de tempo para que o emigrante que retornou consiga se readaptar no país de origem. Por vezes pode haver uma pseudo adaptação, que no fundo não acontece ou que demora anos para se concretizar.

O que faz sentido, uma vez que quando se tem uma experiência dessas, muitas vezes passamos por uma grande transformação dentro de nós. Um novo mundo é descoberto. Questionamos o que queremos e o que não queremos da vida, o que somos, etc.

Para reduzir os sintomas que essa inquietação costuma gerar, a saída pode ser tentar viver e pensar um dia de cada vez. Focar a energia em atividades e companhias que tragam a sensação de bem estar. Buscar criar uma nova rotina com tudo de bom que descobriu nos últimos tempos no exterior.

Seja viajar mais, cozinhar, ir a restaurantes, se dedicar a algum hobby, fazer novos amigos, aprender outros idiomas. No fundo, muito do encanto que se tem ao morar fora são as experiências novas que se vive e que também podem ser incorporadas no retorno ao Brasil.

Como funciona a psicologia intercultural

Esse tipo de ajuda serve tanto para quem está começando um planejamento de mudança para outro país e quer se assegurar de ter um processo de adaptação menos conturbado, quanto para quem se encontra num caso extremo de desespero e procura um axílio. A segunda situação é comum entre pessoas que saíram do Brasil com data de volta marcada, mas agora querem ficar, e de quem saiu sem intenção de voltar, por ter se casado ou ter tido filhos no exterior, por exemplo, e agora pensa em se separar.

O trabalho de profissionais como a Andrea consiste no que ela chama de um treinamento intercultural pré-embarque, que visa uma conscientização de como é mudar de país e da nova cultura com a qual o emigrante terá que lidar, e em apoios 24h até que o imigrante se sinta mais adaptado em seu novo destino. Ela informa que, normalmente, não passam de seis atendimentos nesse caso.

Há também a opção de sessões esporádicas para quem já esta fora e procura um acompanhamento profissional.

Equipe Andrea Sebben
www.andreasebben.com

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