Amarante e seus encantos

Localizada praticamente a 30 minutos de Vila Real, entre as Serras do Marão e da Aboboreira, a acolhedora cidade de Amarante fica no distrito do Porto – o maior concelho do distrito. O rio Tâmega, que atravessa a cidade, torna a paisagem digna de cartão postal. Amarante respira cultura, reunindo edifícios e monumentos da Idade Média que enchem os olhos de tanta beleza.

Um passeio por Amarante

O centro histórico da cidade possui arquitetura de estilo Barroco e o que mais se destaca é o Mosteiro de São Gonçalo (aberto aos turistas e peregrinos de plantão). Sua igreja é imponente e rica em detalhes com influências Oitocentistas, do Renascimento, do Maneirismo e do Barroco. Basta atravessar a ponte medieval (e que ponte!) para chegar ao centro histórico.

O Solar dos Magalhães é a ruína de uma casa nobre do século XVI. Dizem que o General Loison – general do Império Francês que participou das três invasões de Portugal – incendiava uma casa nobre toda vez que a ocupação francesa atrasava a passagem pela Ponte de São Gonçalo, a caminho de Vila Real. Do Solar dos Magalhães, símbolo desde o século XIX por causa dos violentos ataques, permanecem apenas as paredes externas. Nunca foi reconstruído e agora está passando por uma restauração e conservação através de trabalhos arqueológicos para a Casa da Memória.

Passear pelas ruas de Amarante, além de muito agradável, é mágico e bucólico. Restauraram a arquitetura de algumas construções, mantiveram a essência histórica e a fusão do medieval com o moderno, as cores vivas das casas, as ruas de paralelepípedo, o comércio, a linda vista para o Rio Tâmega… Sem contar que todos os cafés e docerias têm um terraço que é voltado para o rio e tomar um café apreciando a natureza do lugar é uma coisa incansável.

O restaurante Largo do Paço, que fica nas dependências do charmoso hotel Casa da Calçada, em 2016 recebeu uma estrela Michelin e está entre os 50 melhores restaurantes europeus. Sua cozinha enfatiza a raiz portuguesa através da originalidade, tradição e contemporaneidade.

Caminhando pela cidade, também descobri um hostel que é puro aconchego. Reaberto há 6 meses, o Hostel Des Arts tem bastante história para contar pois, desde meados do século passado, ele foi o único hotel da cidade por 40 anos. Por causa da crise econômica de Portugal, as portas foram fechadas no início dos anos 2000 e agora seus herdeiros renovaram as instalações para recuperar e compartilhar sua origem com todos os que chegam à Amarante, seja para tomar um café no terraço (que é aberto ao público), seja para se hospedar. Vale a pena!

Mas voltando às docerias e cafés, que são recheados de doces típicos da cidade e abrigam curiosidades sobre os mesmos. Entrando num e saindo de outro, experimentando uns aqui e outros ali, fui conhecendo as origens e tradições dessas delícias portuguesas.

Atrás da igreja de São Gonçalo existe um convento, Santa Clara, e foi de lá que saíram os doces feitos pelas freiras clarissas. Somente as freiras possuíam essas receitas e elas vendiam os doces para ajudar com as despesas religiosas. Os doces são feitos de farinha, amêndoas, açúcar e ovos. Recebem os nomes de Brisa do Tâmega, Foguete, Léria e Papo de Anjo (essa massa do Papo é a mesma da hóstia). São deliciosos e mesmo doces, combinando muito bem com chá ou café sem ou com pouco açúcar.

Outro doce mais curioso ainda é Colhões de São Gonçalo, que só tem em Amarante. São Gonçalo é o santo padroeiro da cidade e, devido aos casamentos celebrados por ele, recebeu a denominação de santo casamenteiro, principalmente por “desencalhar as velhas” e por ajudar contra a impotência masculina. Também é símbolo de fertilidade, pois as solteiras esfregavam seus corpos no túmulo do santo para que se tornassem férteis ou arrumassem um marido. A partir daí, a representação imagética para homenageá-lo é o falo, que apelidaram carinhosamente de quilhõezinhos, caralhinhos ou colhões de São Gonçalo.

Esse doce está presente nas romarias de Amarante e ocorrem duas festas ao ano para homenagear o santo: uma em 10 de janeiro (data de seu falecimento) e a principal ocorre no primeiro fim de semana de junho, um evento que mobiliza a cidade. As pessoas também aproveitam estas datas para agradecer por um novo ano favorável e fértil.

As duas confeitarias que mais me chamaram a atenção com atendimento impecável, foram O Moinho e Confeitaria da Ponte. Passem por lá, os doces são de comer rezando, literalmente!

E, para não passar em branco, Amarante também faz parte da região vitivinícola, da denominação de origem vinhos verdes. Tive a oportunidade de conhecer a Quinta do Peso, que agora está com um projeto de turismo rural e preparando as instalações para receber os turistas que curtem natureza, vinho verde e praias fluviais. O lugar é lindo, a vista é maravilhosa e o vinho é muito bom.

Quem puder conhecer, fique um fim de semana. As pessoas e a gastronomia são adoráveis. A cultura e história são tão vivas que transportam você para uma cena medieval. Ah, a imagem da ponte à noite para finalizar os encantos de Amarante.

Abraços do Norte.

 

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Este conteúdo é de total responsabilidade do autor da coluna Roberta OrtolanSiga também blog da Roberta.

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