Por que “Chasing a Croatian Girl” vai ajudar você que mora na Croácia

Um dos maiores desafios que alguém pode ter é se adaptar bem a um lugar e cultura totalmente diferentes do que se está habituado.

Há países mais semelhantes ao nosso, a nível de clima, gastronomia, idioma, cultura, etc. E outros, que quando comparamos, pensamos se tratar de dois planetas distintos. Por vezes, o planeta até parece o mesmo, apenas em séculos diferentes.

Foi assim que me senti quando morei na Croácia. Tive dificuldade devido à língua, à cultura e também ao clima. Foi em Zagreb que senti na pele as temperaturas mais baixas da minha vida, até aquele momento. Menos treze graus logo pela manhã e durante a noite. E eu reclamando do inverno de 18º em São Paulo!

“Como é que se vive com tanta neve”? “Que vontade que se tem de sair de casa com esse frio lá fora”? “Vou fazer amigos onde, se já não estou na faculdade e trabalho em casa”? “Que língua é essa que até o nome das pessoas muda dependendo do caso”? “Não sei nem pedir um bilhete de tram sozinha direito”! Ai que frustração que era.

Descobrindo “Chasing a Croatian Girl: A Survivor’s Tale” anos depois

Infelizmente, não foi enquanto morei na Croácia que descobri o livro “Chasing a Croatian Girl: A Survivor’s Tale”, mas, gostaria que tivesse sido, pois talvez tivesse me sentido pelo menos mais aliviada em saber que o que eu estava passando não era um caso isolado.

O autor é Cody Brown, professor de ciências políticas que se mudou para o país ao conhecer e se apaixonar por uma croata nos Estados Unidos. O título foi lançado em 2014 e estava nas minhas recomendações desde 2016, quando baixei um aplicativo qualquer para aprender croata pela Amazon.

Na época não dei atenção e foi apenas em 2018, quase um ano depois de ter saído da Croácia que, ao me lembrar que possuía alguns e-books ainda por ler no meu Kindle, tive curiosidade suficiente para abrir o capítulo que serve de amostra do livro.

Em tradução literal, o autor começa o texto com: “a primeira noite que conheci minha esposa foi em uma pequena cidade na zona rural de Oklahoma. Ela disse que ela era da Croácia. Eu pensei que isso significava Rússia”.

Assim como o autor confundia a Croácia com a Rússia, lembrei que eu também necessitei de um auxílio técnico para descobrir qual era a exata posição geográfica deste país quando conversei com o primeiro croata que conheci: pesquisei no Google. Até recordei as primeiras coisas que vieram à cabeça quando parei para pensar no país por alguns minutos. Eram coisas como: “a camiseta da seleção croata é quadriculada, tipo pique-nique”. Com um conhecimento tão profundo quanto isso, não sabia nada muito além e seja lá o que tinha aprendido na escola, já não lembrava.

Após ler este trecho inicial, não precisei pensar muito. Comprei o livro e comecei a ler logo em seguida. Mesmo não estando mais na Croácia, não pude deixar de me ver compreendida e de me sentir aliviada com cada página que li em uma velocidade recorde.

Era como se tivesse encontrado alguém que compartilhasse de uma forma muito bem humorada das mesmas dificuldades, descobertas e também angústias.

Apesar de comparar muitas diferenças culturais entre os norte-americanos e os croatas, o livro serve para qualquer um que tenha interesse no assunto. Fala da forte relação dos croatas com o mar, pelo menos os da Dalmácia. Isso logo me remeteu ao espanto de absolutamente todos que conheci no país ao dizer que eu não sei nadar (vide, São Paulo capital não ter mar e eu não ter tido a oportunidade de fazer aulas de natação). Aborda também o papel da mulher, matriarca da família croata. Que por meio de tanto cuidado e zelo pela casa, família e também com as refeições, mostra o quanto o tradicionalismo é uma característica marcante na cultura local.

Brown aborda também a falta de emprego no país, as tradições curiosíssimas da região da Dalmácia, incluindo as manias de dar presentes a todos, a intimidade dos vizinhos; a relação com sua esposa croata (o que chamará a atenção a qualquer pessoa que assim como ele está envolvido com um cidadão do país) e também as engraçadas situações que passa com sua punica (sogra).

O autor não perde os mínimos detalhes da cultura croata: de Rakija para curar um resfriado ou a dor que for até, claro, os cafés! “Jednu, dvije, tri kave”! Não a bebida apenas, mas todo o ritual que envolve um “idemo na kavu” na Croácia.

“Chasing a Croatian Girl: A Survivor’s Tale” é um relato bem humorado de um expatriado na Croácia que hoje encontrou no país, na família que construiu e nos laços que fez ao longo dos anos uma forma de se sentir mais em casa do que em seu próprio país.

Parece que já até há uma sequência com mais histórias engraçadas de sua vida de imigrante, mas apenas em croata! Por isso, apenas os mais fluentes no idioma conseguirão ler e comentar a respeito – não é o meu caso.

Já o livro relatado aqui possui 206 páginas fáceis de ler, mas o título só está disponível em inglês. A leitura é válida para qualquer pessoa interessada em visitar a Croácia ou mudar para o país, seja por amor ou por outro motivo qualquer. E que saudades de crni rižoto que este livro me deu!

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