80 dólares

Graças a Deus, desde que cheguei não precisei usar o 911 como comentado no último texto, apesar do alarme de incêndio que fica no teto ter apitado algumas vezes quando fui usar o forno, mas isso é história bônus pra ler tomando um café.

Bom, as dificuldades foram só aumentando como quando eu jogava Super Mario Bros. Quando vinha uma tartaruguinha eu pulava em cima e logo depois vinha um mini chefe com spirkes no casco e me lascava. Mas eu sempre voltava até àquelas caixinhas e pegava mais vida. Minha caixinha de vida hoje é a Bíblia, mas isso também é outro assunto.

Eu paguei as passagens no cartão do primo do meu marido. Paguei 50% na hora e 50% na semana seguinte. Enquanto vendia as coisas pra pagar as passagens fui buscar o visto do Tiago, meu de 3 aninhos. Lá no Casv da Lagoa, a surpresa:

“A senhora precisa ir a entrevista no consulado.”

Minha passagem era pra um dia antes da data da entrevista. Começava a correria: liga pra um, liga pra outro, vende isso, vende aquilo, todo mundo com visto ok mas faltava do Titi. Conclusão: perdi as passagens. A companhia aérea reembolsou bem pouco, eram 5 passagens.

Eu tinha uma semana pra comprar outras passagens e pagar as que eu havia perdido. E a entrevista? A entrevista foi:

– “A senhora é mãe do Tiago? -sim.”
– “Ok Tiago, pode viajar com a mamãe.”
(Minha passagem era pra ontem!!! Aff!)

Liguei para o primo. Depositei os 50% e pedi pra comprar outras 5. Nessa hora ele teve certeza que eu não era boa da cabeça. Mas não é isso: eu já tinha vendido tudo, acha que eu ia desistir? Então, o dinheiro que tínhamos pra comprar um carro nos EUA, compramos as passagens.

Visto ok, tudo ok, vamos então fechar as malas. Peguei um jogo de lençol pra cada um. Um joguinho de prato que minha avó me deu. Os álbuns de retrato dos nenéns. Pasta com documentos. Separamos tudo. Foi a semana mais longa. Sem geladeira, com a TV emprestada pelo meu irmão, sem sofá, sem cama. Dormindo no chão, em cima das colchas. Mas felizes.

Dia da viagem foi correria, mas deu tudo certo.

Voo tranquilo, eu sem dormir, João passou mal, Tiago vomitou, mas depois de oito horas descemos em Miami. Ah! Esqueci de contar que fui comer uma promoção do Subway no aeroporto do Galeão e paguei 48 reais e a atende disse que o valor era diferenciado, dá pra imaginar como me senti especial? A exatamente 8 horas após eu comeria um por 2,45 dólares.

E foi mais ou menos o que aconteceu. Escala em Miami, imigração, fila, tensão, entrevista, entramos. (Tive que preencher 5 formulários a mão. O sistema caiu, foi tenso.) Eu tinha tudo ali na bolsa: passaporte de todo mundo, com números, datas, tudo que pedem.

Correria pra conexão, mais 3 horas de viagem, Boston. “Welcome to Boston and have nice day.” Oh my God. Cacilda Becker. Tudo nublado. Cinza. Pensa em Petrópolis com chuva e frio. Coloca vento. E neblina.

É tudo marrom, de tijolinho.

Eu combinei com um rapaz uma corrida de táxi até a cidade que iria ficar. Meus primeiros 80 dólares gastos na América.

Se prepara pois é uma aventura cara.

 

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