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Por que mudar de país não resolveu os meus problemas

Se você esperava que o motivo por eu ter saído do país fosse pela economia, violência ou melhores oportunidades, já te adianto que não foi nenhum desses. Eu saí porque queria fugir. Essa foi a razão.

Vida antiga

Me levantei para trabalhar as 5:50 da manhã e me sentei na beira da cama para não ter perigo de voltar a dormir. Eu tinha muito sono. Costumava dormir tarde nessa época, não me conformava de não ter tempo livre por causa do tempo que eu perdia indo e voltando do meu trabalho.

Como eu costumava chegar em casa umas 8 da noite, até jantar, tomar banho e fazer minhas coisas, já era hora de dormir de novo. Então, eu não dormia. Ficava vagando em sites que eu gostava e conversando com quem também dormia tarde. Algo produtivo? Infelizmente, eu não fazia.

Dormia uma média de 5 horas por noite, isso se refletia na quantidade de café que eu tomava e na minha capacidade produtiva. No fim de semana, eu dormia, não importava onde. Quando eu tenho sono, durmo em qualquer lugar, sério. Já cheguei a dormir em bares, formaturas e por aí vai.

Não parece uma rotina muito saudável né? Eu concordo e sabia disso na época. Por isso que eu levantava as 5:50 da manhã para ir trabalhar e sentava na beira na cama. Ficava parada um tempo pensando e alguns dias chorava. Não era o que eu queria.

Eu sabia que não era aquilo que desejava para a minha vida, mas não tinha ideia do que queria. Meus desejos se confundiam entre o que queria fazer e o que achava que tinha que fazer. Pela minha carreira, pelo meu futuro, por tudo aquilo que eu ouvi a minha vida inteira que deveria conquistar.

Não podia mais continuar, a minha primeira decisão foi: vou mudar de emprego. Se eu trabalhar mais perto de casa, já vai ser um avanço e vou ter mais tempo livre. Depois de procurar muito, encontrei o trabalho perfeito perto de casa, mas ele ainda não era meu. Parecia que tudo estava certo, tinha que ter experiência com evento e madeira. Eu trabalhei por um ano com eventos e estava trabalhando em uma empresa com embalagens de madeira. Tudo parecia se encaixar e eu fui passando nas entrevistas.

Até o dia que eu liguei para ver como estava o processo e soube que não tinha passado. Eu tinha gastado todas as minhas desculpas com meu trabalho atual para fazer as entrevistas, tinha colocado todas minhas esperanças naquela mudança e ela não aconteceu. Voltei para onde estava, não tinha avançado nada. Fui até o banheiro e chorei. Foi aí que eu lembrei que naquela semana tinha falado com uma amiga que estava na Austrália. Ela comentou que eu ia gostar de lá.

Sonho antigo

Eu sempre quis fazer intercâmbio, tinha meu dinheiro guardado e muitas cotações de agências guardadas no meu e-mail, mas sempre deixava para “depois”. De triste e desanimada, mudei completamente.

Lembro que era uma sexta-feira e sai com umas amigas nesse dia. Cheguei no encontro animada e disse: “Vou embora para a Austrália”. Assim, sem ter visto nada ainda, eu sabia que tinha que ir e ia.

Estava determinada. Fui na agência, encontrei o melhor orçamento para o dinheiro que eu tinha e fechei tudo. Quando avisei para as pessoas e família que eu ia, já não tinha volta. Eu simplesmente comuniquei que estava indo em 3 meses. Disse que ia melhorar meu inglês. Aquela desculpa que a gente dá para nossa ideia ser aceita. Mas eu sabia dentro de mim que estava feliz mesmo de fugir de tudo isso que não estava me deixando feliz.

Foi a decisão perfeita. Fugir para um lugar onde eu não era ninguém, não haviam julgamentos e pressões sociais. Seria só mais uma estudante buscando “subempregos” para sustentar a minha vida barata para aproveitar e viajar.

A sujeira só estava debaixo do tapete

Até eu tinha acreditado que só saí do país para isso e fui vivendo a minha vida lá. Mas um ano passa rápido e a volta para o Brasil começou a me preocupar. “O que eu vou fazer? Vou voltar a ter a mesma vida?”.

E os meus dias passaram a ser mais tristes porque eu não sabia o que fazer. Não me via morando na Austrália, mas também não queria voltar à minha vida de antes. O problema maior era que eu não tinha a menor ideia do que fazer. Aproveitei e muito o meu intercâmbio, mas vi que fugir não servia de nada e a questão naquele momento era: eu não me conhecia o suficiente para saber que caminho queria seguir.

Quando eu saí do Brasil, só queria me livrar de tudo que estava me incomodando. Sim, é verdade que uma das coisas que me atrapalhavam muito era a falta de liberdade e isso estava diretamente ligado com a violência. Só que o motivo era muito maior que os problemas do país. O problema maior era em mim mesma e minha incapacidade de perceber o que era o melhor para mim.

Eu deixava a minha vida passar, não encontrava nenhum sentido e nada para lutar.

A mudança de país não resolveu meu problema, não me deixou mais feliz, mas me abriu os olhos exatamente para perceber que não adianta simplesmente mudar por mudar. Ir para outro país é algo grande (e caro).

Só que eliminar o que a gente não gosta não é suficiente para ser feliz. Junto, temos que ver se aquelas mudanças nos trarão coisas que nos farão felizes. E para saber isso, só através do autoconhecimento.

Nós deixamos um país, mas nunca nós mesmos. Quando nos permitimos nos conhecer, passamos a entender o que realmente tem valor e importância na nossa vida.

Gostava da minha vida, mas estava simplesmente vivendo. É importante aproveitar o presente, mas acredito que a vida tem que ser um equilíbrio entre todos os tempos: aprender com o passado, aproveitar o presente e planejar o futuro. Eu certamente não tinha aprendido com o passado e estava adiando a ideia de pensar no meu futuro, simples assim. Sem esse equilíbrio, uma hora a gente cai.

Depois de perceber tudo isso, foi um longo caminho até começar a me entender de verdade e aprender a ser feliz. Mas isso já é assunto para um próximo texto que pretendo dividir por aqui.

Eu gosto de compartilhar esse assunto, porque acredito de verdade que muita gente coloca toda a sua esperança na mudança de país e o que eu quero mostrar aqui é que nossa vida envolve muita coisa além disso. Mudar de país pode fazer a gente ganhar coisas, mas quando tudo entra na rotina, o que vai importar mesmo vai ser o que tem um valor maior para você, o que vai pesar mais na sua vida.

Se a falta da família pesa mais que a sua sensação de segurança, por exemplo, você vai falar a vida inteira que está bem porque está em um país seguro, mas vai estar sofrendo por dentro.

Esse texto não é contra a mudança de país, pelo contrário, é a favor de uma mudança sempre que você quiser. Mas ela feita com sabedoria pode ter muito mais benefícios.

Mude, mude sempre que quiser. Só tente perceber quando a mudança é simplesmente uma fuga dos problemas com os quais tem que lidar, assim como a minha foi.

Este conteúdo é de total responsabilidade do autor da coluna Julia Queiroz. Siga também o blog da Julia.

 

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