Na Argentina, não peça a “concha” para o molho – Diário de Motocicleta #1
Já estou 6 meses fora do Brasil.
Passei por Uruguai e fiquei por uns 10 dias, Argentina durante uns 3 meses e hoje estou no Chile há quase 3 meses. O Uruguai não consegui conhecer muito bem, foi um pais muito caro, acampei no forte de Santa Teresa, um lugar lindo, com natureza, praias e para nós brasileiros, água gelada. A falta de experiência me fez voltar para Brasil assim que eu saí para comprar comida no Chuí: a comida no Uruguai é muito cara! Quase 3 vezes mais cara que no Brasil. Outra coisa importante: faça sua comida ou coma só o famoso lanche El Chivito e o lanche de milanesa, que são ótimos e baratos. Se não tiver dinheiro nem entre nos restaurantes, eu fui em um e eles me ofereceram arroz, carne, salada, purê de batata e falaram um valor baixo, como 20 reais e depois eles perguntam qual você vai escolher. Sim, você tem que escolher um deles por 20 reais!
Esqueça também os restaurantes rodízios: isso não existe no Uruguai, Argentina e nem Chile, salvo os restaurantes chineses, mas a comida la é horrível. Nessa altura já senti como somos queridos pelos nossos vizinhos. O próprio dono de um estabelecimento me recomendou voltar para que eu comprasse comida no Brasil.
Depois fui para Punta del Diablo e Montevideo.Tudo muito lindo, um espanhol muito fácil de entender e todo mundo se alegrava quando falava que eu era brasileiro. Argentina foi para mim o mais surpreendente. Por minha opcão não quis conhecer Buenos Aires, sempre evito as grandes cidades pois elas são sempre as mesmas, roubos, perigo, medo, trânsito, etc.
Os argentinos estão acostumados a enfrentar crises financeiras e mesmo assim viajar. Senti isso na pele, pois na minha viagem o dinheiro faltou, mas sobrou vontade. Acampava em posto de gasolina e via família argentinas fazendo o mesmo, dormindo em carros, barraca ou em vans. Eles sabem viajar e os postos da YPF são super preparados, a maioria com Wi-Fi livre, banheiros muito limpos para tomar banho e uma galera que adora falar com brasileiros. Não fui agredido, nem humilhado por nenhum. É claro que eles sempre querem falar de futebol, mas não tive nenhum problema com isso, eles não são briguentos como eu mesmo imaginava.
Uma das coisas que mais me impressionou foi chegar em cidades pela tarde e ver tudo fechado. Eles dormem durante a tarde na famosa sesta. Normalmente entre as 13:00 ate às 16:00 você pode encontrar tudo fechado. Isso varia um pouco, mas sempre a tarde você encontrará dificuldades de comprar uma comida. Postos de gasolina e hotéis sempre estarão abertos.
Um outro cuidado que se deve ter, já que eu quase tive problemas, é com algumas palavras. Você tem que estudar um pouco o idioma local e sempre quando tiver dúvida pergunte como se chama, não saia chutando as palavras. Meu problema em especifico foi com a palavra concha. Estava eu em uma mesa de jantar com uma família e pedi a concha para a mulher do dono da casa para pegar um pouco do molho do macarrão. Meu Deus, por um minuto achei que eles iam me matar, depois todos quase morremos de rir, pois conha se fala cucharon, e concha é um palavrão muito grave.
O que eu achei até agora é que sim, você pode viajar tranquilamente por estes três países. Você será recebido muito bem por todos. Por ser brasileiro, somos como o irmão maior deles, eles têm um respeito gigante por nós, conhecem muito da nossa cultura e até agora tenho me sentido em casa.
Depois conto mais histórias que eu tenho e novas histórias que estão por vir.
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[su_box title=”Diário de Motocicleta “]Glauber Leite está viajando numa moto Yamaha Tenere 250cc. O objetivo é fazer toda a Rodovia Panamericana, que vai do Ushuaia, na Argentina, até Fairbanks, no Alaska. Ele saiu do Brasil em janeiro de 2015. Você acompanha o diário da jornada aqui no Já Fez as Malas.[/su_box]
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