Por que troquei São Paulo pela Itália

Quem mora em São Paulo ou nas redondezas sabe quanto tempo leva pra sair da zona norte e chegar na zona sul. Não importa se vai de trem, de carro, de ônibus ou de moto. Não é um trajeto rápido. Não falo isso só pelo fato que enfrentamos trânsito todo dia e o dia inteiro, mas porque São Paulo é grande.

Quando cheguei na Itália já sabia que seria muito diferente. Minha cidade aqui, Cannara, uma província de Perúgia, é pequena. Somos apenas 4 mil habitantes. Aquela típica cidadezinha onde todo mundo conhece todo mundo. Minha primeira semana aqui (talvez ate o primeiro mês) foi cansativa.

A cada lugar onde entrava começavam as perguntas:“Mas quem é essa? De onde veio? É filha de quem? O que veio fazer aqui?”. Minha tia, sempre com muita paciência, respondia a todas essas perguntas, já que eu, recém-chegada, ainda não conseguia entender perfeitamente o que diziam, como falei em outro post. “Mas porque trocou uma cidade grande por uma cidade pequena como Cannara?”, era a pergunta mais frequente. A resposta sempre foi a mesma.

“Paz, tranquilidade e menos caos.” Sabe quando você consegue pegar o carro e ir até o supermercado ou ao shopping em 15, 20 minutos sem trânsito e sem semáforos? Já viu aqueles rolos de feno debaixo de uma montanha? E o céu estrelado? Mas tão estrelado que você consegue ver a via láctea? Pois é. Essas são apenas algumas das coisas mais simples, mas que me causaram mais impacto.

Pode até parecer bobagem, mas quem sempre morou em cidade grande, no meio do caos, da poluição e dos edifícios, raramente se deparava com esses “pequenos detalhes”. Ok! Falamos do cenário que me encanta e que eu amo: verde, céu, montanha. Vamos falar de segurança então. Daquele tipo que você deixa sua bicicleta na porta de casa e no dia seguinte ela ainda está la. Ou dos bares, que quando fecham a noite deixam as mesas e as cadeiras do lado de fora sem que ninguém toque. Não estou generalizando, até porque sabemos que o vandalismo está por todos os lugares. Isso não quer dizer que aqui seja sempre 100% seguro, mas são raras as vezes em que se ouve falar que alguém foi roubado. Lembrando que estou falando da minha cidade, que é pequena, sem muito movimento.

Quando sinto saudade da bagunça que enfrentava quando estava no Brasil, vou até a cidade grande (Perúgia), que fica a 28 quilômetros daqui. Tudo de carro, claro, já que passa apenas um ônibus de manhã e outro no fim de tarde e leva um bom tempo para chegar até o destino final. Talvez esse seja um ponto negativo daqui. Se você não tem carro (ou moto) fica difícil se locomover para outros lugares.

Depois que me fazem essas perguntas, muitos dizem que sou louca de sair de uma cidade como São Paulo, que tem tudo, pra morar aqui. Os mais jovens querem sair daqui, ir para cidades como Roma, Milão ou até mesmos outros países da Europa. Eu entendo. Não tem muito o que fazer. Não temos tantas opções de bares, baladas, shoppings ou qualquer outra diversão. Somos limitados. Mas eu gosto desta vida. Dessa tranquilidade. Poder curtir esses pequenos detalhes que, no final, me fazem tanta diferença. Também penso em morar em alguma outra cidade, mas não agora. Quero aproveitar um pouco mais disso tudo. Quero aproveitar cada dia que passa. Ou como se diz em latim: Carpe Diem.

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