A saga da cidadania italiana, parte 3: como reconhecer o meu direito
Bom dia Brasil, boa tarde Itália!
Volto hoje com mais material a respeito da tal cidadania italiana. Se você leu meus posts anteriores, sabe que recentemente peguei esse assunto para estudar. Dessa vez, vim falar um pouco mais sobre como funciona o pedido de reconhecimento de cidadania.
Primeiros passos para o reconhecimento
Como já expliquei anteriormente, a cidadania italiana é adquirida jus sanguinis, ou seja, você deve comprovar que tem “sangue” italiano em suas veias. Mas como assim? É feito algum exame de sangue? Bem, a prova não é assim tão literal. A comprovação é toda realizada por certidões, sejam elas de nascimento, casamento e/ou óbito.
Não entendeu? Vou explicar. Basicamente, você precisa mostrar para a Itália que você também é italiano porque seu/sua *insira o grau de parentesco* foi. E como se prova isso? Você deve apresentar certidões atualizadas e de inteiro teor desde o italiano até você. Há uma ressalva apenas para mulheres nascidas depois de 1948 e eu explico esse pormenor no primeiro post da saga.
“Mas Renata, meu pai/mãe/vó/vô não reconheceu. Eles têm que reconhecer para eu ter direito?”. Não! Não é preciso nada disso. Lógico que, se eles quiserem, ótimo, mas não precisa que ninguém tenha reconhecido para que você possa reconhecer. A única coisa realmente necessária é ter um parente direto que foi italiano, apenas.
Como e onde reconhecer
Existem duas formas, basicamente, de reconhecer a sua cidadania: via Brasil e via Itália. Vamos entender os principais pontos de cada forma.
No Brasil
Neste caso, você entregará sua documentação no Consulado da Itália no Brasil. Antes disso, é preciso fazer um agendamento. Quando for convocado deve levar tudo o que conseguiu reunir para comprovar o parentesco. Será feita uma avaliação e depois é dado um parecer.
Tudo aparentemente muito simples. Só tem um probleminha pequeno: o tempo médio de espera para convocação é de 10 a 12 anos de espera. Ou seja, eu tenho 25 anos. Se der entrada, só vou pensar em apresentar documentos com 35 anos, no mínimo. Porém, é o que temos para hoje. Essa é uma opção interessante para quem não tem tanta pressa e a única saída para quem não consegue fazer o processo diretamente na Itália.
Na Itália
As coisas por lá se resolvem de uma forma um pouco diferente, a começar pelo tempo de espera. Neste caso, com sorte, você levará em torno de um ano para resolver o assunto. Mas você precisará de tempo e dinheiro. Por que? Porque você deve reunir todos os documentos (certidões de nascimento, casamento e óbito de todos, desde o italiano até você) em cópia inteiro teor, deve traduzir por um tradutor juramentado e registrar essa documentação em cartório – e isso tudo tem um custo relativamente alto.
Com a papelada em mãos, você deve ir até a Itália para reconhecer administrativamente o seu direito. Prepare-se para ficar um período de 4 a 6 meses (em média) no país. Isso porque é necessário que você fixe residência para que tenha seu direito reconhecido.
Após protocolar os documentos, você receberá a visita de um vigile (oficial local) confirmar a residência. Tudo isso envolve uma burocracia interna italiana e só depois de todos os trâmites é que será possível retornar ao Brasil. Depois ainda há mais um compasse de espera para o direito ser reconhecido e ser possível dar entrada no passaporte, de forma que você deve se preparar bem com relação a tempo.
O fato e a grande sacada é escolher comunes (órgãos locais que realizam esse procedimento) com pouca fila e que ainda não estejam sobrecarregados de pedidos.
Não se esqueçam que brasileiros ainda sofrem muito preconceito em outros países. É importante pesquisar e alinhar expectativas.
Você pode fazer essa saga sozinho ou contratar especialistas que te ajudem com o processo de alugar quarto/casa e te ajudem com a comunicação para que tudo flua mais rápido e mais certeiro. É fundamental contratar alguém? Não. No entanto, é a mesma lógica do despachante: você consegue fazer sozinho, mas o despachante consegue fazer mais rápido e, provavelmente, sem tantos erros pelo caminho.
Contudo, é importante saber que o mercado está cheio de aproveitadores e que você deve estudar bem quem irá contratar para te ajudar nessa jornada. O trabalho dessas pessoas costuma rondar os 3.000€ podendo esse valor variar a partir de situações especificas.
E aí, qual será a sua opção?
Este conteúdo é de total responsabilidade do autor da coluna Renata Benedetti. Siga também o Instagram da Renata.
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