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Quando a viagem pode ser terapêutica

Sou psicóloga e sempre teve algo que me incomodou muito, algo que vemos cada dia mais por aí, que são frases do tipo: “Chocolate é melhor do que terapia” ou “Não faça terapia, vá viajar”. Isso sem contar com as pessoas que acham que o taxista, a manicure ou cabeleireira são seus terapeutas. Eu adoro chocolate, amo viajar e acredito que vale a pena vez ou outra desabafar com sua manicure, mas confundir com terapia, não aceito. Quem faz ou já fez, pode entender melhor o que estou falando e saber a diferença.

Hoje estou aqui para me contradizer um pouco e colocar em pauta como tudo pode ser visto de uma forma diferente quando estamos abertos e com a nossa sensibilidade aguçada.

Terapêutico X Psicoterapia

Em viagens enfrentamos desafios, conhecemos e observamos pessoas, estamos o tempo todo diante do novo e do imprevisível. Longe de olhos conhecidos, muitas vezes conseguimos nos enxergar melhor e podemos ser quem desejamos, temos a possibilidade de encantamento com o desconhecido e nos aproximamos da pessoa ou das pessoas com quem viajamos e convivemos 24 horas por dia. Lógico que tudo isso só ocorre quando nos mostramos abertos para isso.

Foi observando e conversando sobre uma cena que vi em uma viagem que pensei no que escrevo agora. Trilha para Pedra do Bauzinho, Campos do Jordão. Eu e meu marido já voltávamos quando cruzamos no caminho com uma mãe, com sua filha de aproximadamente 4 ou 5 anos de idade. A mãe ia subindo nas pedras, morrendo de medo e invocando todos os santos e protetores existentes. Em um primeiro momento, foi uma cena engraçada, mas logo em seguida pensei e comentei com o meu marido sobre o medo que aquela mãe estava passando para a filha, deixando-a se sentir insegura naquela situação. A criança vendo a mãe com medo, estava também com medo e naquela altura já começava a choramingar dizendo que não queria seguir em frente.

Um grupo que estava à nossa frente e também já voltando, deu um incentivo, dizendo que faltava pouco e disse para elas não desistirem. A mãe chamava a atenção de todos que estavam por lá, pois continuava solicitando proteção de tudo quanto é santo. A cada santo invocado, um passo a frente.

Depois do primeiro momento engraçado, do segundo momento pensando no medo que a mãe poderia passar para a filha, finalmente percebi o que aquela mãe estava ensinando para aquela criança e comecei a fazer uma viagem interna, uma reflexão.

Percebi que ela estava ensinando à filha, de uma forma prática, que sentir medo era normal, mas que ela não devia desistir por isso. Ela estava fazendo a filha enfrentar o medo e ser maior que ele, ensinando a dar um passo de cada vez em direção ao seu objetivo, mostrando que estava ali para segurar na mão dela e ajudar, mostrando a sua humanidade ao demonstrar que também sentia medo.

Achei lindo e super terapêutico, mas é sempre preciso saber enxergar, e para isso, é necessário certo grau de autoconhecimento. Perceber esses ensinamentos que uma viagem pode trazer pode ser realmente terapêutico, mas existe uma grande diferença entre ser terapêutico e ser psicoterapia.

Estejamos abertos para que mais coisas no nosso dia a dia possam ser terapêuticas e possam ampliar nossos conhecimentos e percepções, para que possamos olhar para dentro e perceber como nos sentimos nas mais variadas situações, mas tenhamos clara a importância que somente um profissional poderá fazer uma verdadeira psicoterapia com tudo o que o processo representa.

Este conteúdo é de total responsabilidade do autor da coluna Adriana Biem | A Psicóloga Viajante. Siga também o Instagram da Adriana.

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