Austrália: nem tudo são flores do lado de cá

Olá gente. Eu me chamo Bianca e devo escrever de vez em quando aqui para vocês! Eu sou engenheira civil e blogueira (quem diria que as duas coisas podiam viver na mesma pessoa não é)?

Há duas semanas me mudei para a Austrália e diferente da maioria das pessoas. não estou vibrando de alegria nem achando aqui um paraíso. Eu vim para cá com uma bolsa de estudos, para fazer meu doutorado em engenharia.

A maioria dos brasileiros vem para cá estudar inglês e trampam nas horas vagas (uber eats, faxina, construção civil, etc.). Particularmente, eu me sinto culpada por estar aqui ganhando bolsa e não estar feliz.

De volta à vida de intercambista

Esse é meu quarto intercâmbio e eu já devia estar acostumada a mudanças, não? Mas não… Acho que por eu ter chegado aos trinta, muitos questionamentos me vem à tona. A bolsa é razoável, mas apertada, depois de viver uma vida independente no Brasil é difícil voltar a vida de estudante, contando moeda, dividindo apê… E ainda tem questão de relógio biológico, a sensação de não estar construindo algo, guardando dinheiro, etc (trintões vão me entender).

Eu ainda estou procurando apartamento por aqui, estou morando em um quarto alugado temporariamente e essa angústia de não ter onde morar pesa bastante! Para somar, perdi meu passaporte, tenho ligado para todos os lugares possíveis e ainda tenho alguma esperança de achar, até porque um novo custa cerca de 600 reais. Por isso, não consigo abrir conta no banco, nem resolver algumas coisas necessárias.

Aqui tudo é bem caro. Achei alguns conjugados horríveis por mais de 2.000 reais por mês. Comida, transporte, bebida, tudo é caro por aqui. Ainda converto muito e sofro olhando as contas do mercado.

Além disso, existe a pressão do doutorado. Meu orientador diz que espera que eu escreva pelo menos três artigos, que seja algo espetacular e inovador, e que a última orientanda chinesa dele escreveu 6 artigos, sendo que o primeiro com apenas 8 meses de doutorado. Qualquer um na área acadêmica poderá sentir meu desespero, ainda mais quando seu inglês não é perfeito e você tem dificuldade em entender o sotaque australiano. Será que vou conseguir me virar bem, produzir algo bacana? O novo e desconhecido dá muito medo!

Love story

Para apertar mais meu pobre coração, tem meu namorado, ele veio para cá estudar inglês mas volta para o Brasil em uma semana. Ele pretende voltar para Austrália, mas tudo é muito incerto. Namorar à distância é difícil e quando essa distância é metade do planeta, as coisas se complicam um pouco mais 🙁

Na primeira semana por aqui chorei muito e pensei bastante em desistir. Mas sou teimosa!! Foi muito duro chegar até aqui, o processo seletivo foi complicado e eu venci, não posso desistir assim tão fácil! Sair da zona de conforto dói, amadurecer, dói, mas é exatamente nessa hora que crescemos como pessoas e aprendemos algumas lições que precisam ser aprendidas.

Fazer intercâmbio e morar fora nem sempre é só luxo e alegria. Não são só as fotos bonitas que a gente posta nas redes sociais, tem também muitos momentos de saudade, insegurança e tristeza. Mas como “vencedora” de três intercâmbios, minha experiência diz que sempre vale a pena, que a gente nunca volta a mesma pessoa e que a nossa cabeça e coração se expande mais um pouquinho cada vez que a gente vence esse medo.

Tá difícil pra mim? Tá! Mas vamos com medo mesmo! Espero que no meu próximo post eu já esteja mais integrada com a cidade e universidade, com um teto e alguns amigos para chamar de meus, e meu boy aqui em definitivo 🙂

Este conteúdo é de total responsabilidade do autor da coluna Roda Mundo. Veja as viagens da Bia em tempo real no Instagram.

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