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Família Marfil #10

No post anterior contei um pouco sobre a experiência como WWOOFer na Chácara Marfil. A questão aqui agora é outra. Agora falarei sobre amor.

Meu primeiro contato por telefone antes de ir para a chácara havia sido com a Fernanda. Com jeito suave e simpatia, ela que me recebeu e conduziu nas primeiras apresentações pelo local. Me mostrou a casa dos voluntários, me apresentou meu colega de quarto Antonio e algumas instalações. Marco, seu companheiro, que também fazia a ponte com os voluntários, caminhou comigo pela chácara, carregando a pequena Anita com apenas 15 dias de vida no colo. Enquanto caminhávamos, conversávamos sobre vários assuntos, a maioria a ver com Agroecologia e a história dos Marfil. Que trio mais especial esse…

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Marfil e família são apaixonantes. Quando digo família, me refiro também às pessoas que trabalham na chácara, pois são literalmente como família. Darli é a gentileza em pessoa. O Vô e a Vó, dá vontade de colocar no bolso e levar pra casa. A Amanda e o Tiago são daqueles pra tomar um bom vinho e conversar, preferencialmente sobre comida…rs

Antonio, parceiro figura demais, estava trabalhando no moinho e me recebeu com olhar verdadeiro. Naquele mesmo dia ainda tivemos das mais bacanas conversas, variando temas sobre minha vida e sobre a dele. Ainda naquela noite conhecemos a Manu e o José, filhos do Marfil, lindos, fofinhos e divertidos, criados com a essência e a pureza do campo que simplesmente emanam de seus olhos claros e sorrisos. Eles nos fizeram uma apresentação sobre a rede Ecovida e Agroecologia, como mais uma demonstração de organização e preocupação com as reais experiências de troca que se pode ter entre um local bem estabelecido, e forasteiros das mais diversas origens. Nós quatro conversamos muito, para que o assunto Agroecologia fosse absorvido da melhor forma possível, a ponto de ser vivenciado e propagado. Até então, éramos quatro desconhecido (exceção aos irmãos), que não tinham nenhuma expectativa ou pretensão uns com os outros, além de novos contatos.

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Desde o primeiro dia, notei que havia tido uma fogueira no quintal, bem atrás da casa dos voluntários. Mas, com tantos anos de rodas de fogueiras nessa vida, não podia deixar de dar um ‘upgrade‘ na situação. Uma fogueira merece atenção e respeito, precisa ser acolhedora e bem montada. Não tirei isso da cabeça até conseguir dar um tapa no quintal. Nada que algumas pedrinhas brancas da estrada já não dessem conta. Um pouco de carinho aqui, um toque final ali, dois banquinhos de madeira e bastante lenha, com ajuda do José. Pronto, agora sim podíamos fazer verdadeiras amizades surgirem do fogo.

A Rachel e o Joaquim estavam em Curitiba, na casa da madrinha, devido um frio violento que bateu menos de 0°C naquela semana, com direito a geada. Quando o tempo melhorou, eles chegaram, e foi paixão à primeira vista. Com o Joaquim, claro! Ô moleque mais gostoso esse! Já com a Rachel, a coisa fluiu fácil. Assim como Antonio, parceira, divertidíssima e com ótimo gosto musical. Ambos tinham, mas o da Rachel se parecia mais com o que eu gosto de ouvir.

Esse detalhe parece insignificante nessa narrativa, mas só nós três sabemos o quanto nossas noites cozinhando na casinha, aos melhores sons, de Amy Winehouse a Miles Davis, de Jamie Cullum a Kool and the Gang, e assim se construía uma relação de irmandade que ultrapassou todas as fronteiras (literalmente em alguns casos, como falar abertamente sobre movimentos gastrointestinais desnecessários hahaha). Receitas diversificadas, pratos que sem dúvida ninguém nunca teve ou terá o prazer de experimentar, pois só deram certo nas noites que estávamos juntos. Ah Antonio e Rachel, se o mundo soubesse…hahaha. Muitas vezes fomos ao âmago de assuntos dos quais falaríamos apenas com nossos melhores amigos. Vida, religião, agricultura, universo. Não havia tema que não nos fizesse turbilhar em ideias, opiniões e discussões acaloradas. Plena expansão de consciência.

O tempo era nosso amigo e inimigo. Amigo, pois era prazeroso com nossos momentos juntos. Inimigo, pois passou rápido demais. Amigo, pois deu-me oportunidade de passar horas deliciosas com o José. Que piá mais especial esse. Que irmãozinho mais fantástico! A pureza no olhar, no abraço carinhoso, nos momentos de incrível conhecimento sobre a terra, os bichos, e ao mesmo tempo a prova de que não precisamos saber muito sobre nós mesmos, pra sabermos quem somos e DE QUEM somos. Foi com ele que nos aventuramos a fazer pizzas (nem preciso dizer que era tudo integral e orgânico, com exceção do frango), pois cada voluntário realiza um jantar de despedida para toda a família. José é o cara que dá vontade de ter por perto o dia todo, e assim mesmo fazíamos, sempre que possível.

Violão e Viola, receitas diversificadas (só não tanto quanto Antonio e Rachel), e pura cumplicidade. Assim era também com Manu. Do tipo que se quer ao lado o tempo todo. Menina-mulher, de sorriso fácil e contagiante, olhar firme e determinado, porém doce e envolvente, como flauta. Com ela redescobri muita coisa sobre mim mesmo. A cada dia se conquistava um abraço mais sincero, um olhar mais amigo, e, indispensavelmente, gargalhadas, afinal, o que sobrava nessa galera espetacular era criatividade. Ainda que estivéssemos apenas em dupla, a risada era garantida. Mas éramos, sem dúvida, plenos, quando estávamos todos juntos. Sim, tivemos nossas fogueiras que coroaram esse círculo formado de ilustres desconhecidos, um aqui, outro acolá, que por meticulosa harmonia do universo, se encontraram por 3 semanas (por enquanto).

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Por falar em universo, lá estava a personificação deste. Senhor Mario Barbarioli, que de senhor possui apenas barbas e cabelos brancos como seda, e suas fantásticas teorias (e comprovações) sobre o Cosmos. Olhar pro Mario, desde o primeiro momento, era como me olhar no espelho. Mas não me refiro a nenhum aspecto físico. Mario era eu, o tempo todo, e eu, sou Mario, e sempre serei. Momentos de conversas infinitas (afinal, o que é o tempo?). Momentos, de silêncio infinito, afinal, eu já sabia o que ele iria dizer e vice-versa. Momentos de aprendizados na prática, como construir uma casa, trabalhar com madeira, podar e plantar.

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E sim, o universo faz até manteiga! Momentos de aprendizagem teórica e filosófica, pra quem nunca tinha ouvido falar sobre Antroposofia, mas sempre soube o que era, afinal, eu já era Mario. Aprendizagem in loco, quando Mario, Manu, José e eu, estendemos uma toalha na estrada pra observar as estrelas, enquanto Mario, como se não houvesse mais ninguém por perto, chamava cada uma delas pelo nome, idade, tamanho e classe social. E que, por fim, nos brindou com uma aula de biodinâmica e astronomia.

É difícil falar de tempo. Ele não existe na verdade, mas estamos nele. A contar meu tempo com estes seres especiais, tive 3 semanas de puro encantamento. Os laços criados (ou reforçados) aqui, não serão desfeitos, pois, a cada puxão que a distância der, mais forte o nó se amarrará. Ao que o tempo me ofereceu num breve lapso de tempo, reconheci partes de mim que não vêm de agora, e que vão comigo adiante. Seja fisicamente quando forem todos à Vila das Borboletas ajudar a construir tudo, ou com Manu e José pela África, seja no amor que esteve em seu auge por 3 semanas, e que agora repousa acalentador em nossos corações e pensamentos. (na boa, QUE FOFINHO!!!) Não dá pra descrever tudo o que houve e tudo o que senti nessas 3 semanas em apenas um post. Nem em 2…nem em 3…por isso, sigo com esse amor no peito, e aceito as palavras que ele decidir jogar ao vento nessas ondas internéticas, afinal, em tempo, só eu sei…

E pensar que, do dia que eu sai da chácara para meu próximo destino, aquele ainda não seria nosso último encontro durante a jornada.

Saudade.

Tem mais fotos dessas 3 semanas sensacionais no facebook: Efeito Borboleta (Victor Reider Loureiro).

Obs.: O conteúdo é de total responsabilidade do colunista e não representa a opinião do Já Fez as Malas.

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