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Nem 8 nem 80: quer morar em Portugal? Venha com consciência

Seja o destino Portugal ou Noruega: sonhar e planejar viver em outro país é bom, mas lembre-se que tudo fica no mesmo planeta...

Duas matérias publicadas na mídia brasileira sobre morar em Portugal me chamaram a atenção nos últimos dias.

Uma é do portal UOL e se trata de uma compilação de dados e depoimentos de brasileiros que recorreram à ajuda de instituições e do governo português para retornar ao Brasil após afirmarem terem se desiludido com a vida que encontraram no país.

A segunda é um texto da colunista do Estadão, Ruth Manus. Ela vive em Lisboa e apesar de constantemente falar dos pontos positivos da vida no país e dos portugueses, desta vez resolveu relatar motivos pelos quais as pessoas deveriam desistir de ir morar no destino mais falado nos últimos anos.

Polêmica é bom, pois gera debate. Mas, normalmente, polêmicas são rasas e revelam um lado só da história e todo mundo sabe que há sempre dois (ou mais). E qual seria a verdade sobre viver em Portugal? Acho que não é 8 e nem 80. Portugal está longe de ser a coisa mais maravilhosa do mundo e está bem longe de ser o pior lugar da face da Terra.

Vejo nos grupos de discussão do Facebook e nas seções de comentários de tantos sites questões como “quanto dinheiro preciso para viver em Portugal”, “tem emprego na minha área” e afirmações de quem já parece não aguentar mais e só quer sair do Brasil “porque não dá mais” e porque topa qualquer trabalho. E eu entendo. Cada um sabe quando o calo aperta e quando realmente não dá mais.

O único problema é que brasileiro, às vezes, acha que otimismo e ser esforçado por natureza vai sempre garantir que tudo vai dar certo do jeito que se espera – e de forma rápida -, mas nem sempre dá. Nem sempre dá para ter tudo que a gente quer.

O que faz Portugal ser um bom país para morar ou não depende mais do que a pessoa procura do que do país em si. Quem chega agora é que traz um monte de expectativas e referências, mas do lado de cá, as coisas já estão definidas há muito tempo e vão mudando lentamente.

Portugal pode ser apontado como o lugar ideal para quem vive de algum tipo de renda, é aposentado e só procura um lugar tranquilo para envelhecer. Para quem prioriza a segurança e educação das crianças, para quem é estudante e está procurando um lugar relativamente barato e de adaptação mais fácil no exterior para começar a vida. E por aí vai.

Já quem tem uma ambição profissional e financeira maior que a média – como quem sempre sonhou em trabalhar nos Estados Unidos e ter uma vida financeira confortável -, talvez seja melhor rever a rota ou simplesmente vir de braços abertos para aceitar a realidade daqui.

Não serão apenas o otimismo e competência de quem chega que vão mudar o mercado. O salário mínimo em Portugal é de 580€ e nem adianta converter para real e comparar com o que se ganha no Brasil, se os gastos aqui também serão em euros. Não é fácil viver com esse valor e é isso que muita gente recebe trabalhando em restaurantes, no comércio e outros setores que mais têm vagas.

Ganha um pouco mais quem tem diploma e consegue trabalhar na área de formação. Uns 700€, 800€, 900€ até. Mais que 1.000€ limpos, livre de impostos? Há quem consiga sim, mas já começamos a falar de uma minoria e em áreas e cargos específicos. Não depende muito de você que quer vir, as coisas simplesmente são assim. O fato de não haver uma desigualdade social grande como temos no Brasil reduz muitos problemas, como violência, mas torna tudo mais nivelado mesmo, não dando muita perspectiva para crescer.

Empreender também é um caminho possível, mas é bom saber que os impostos e contribuições ao Estado não são baixos.

A moral da história é que juntando o que se ganha por aqui com o que se gasta, dá pra ver logo de cara que em Portugal dá para viver minimamente bem, mas não é um país indicado para quem quer juntar dinheiro, ficar rico.

E quem pensa que esse texto é para desanimar, coisa de invejoso que já mora fora e não quer que o outro também consiga um lugar ao sol é só ponderar: se a realidade fosse perfeita, por que tantos jovens portugueses migrariam para o exterior, deixando família, os amigos de uma vida inteira, o sol, a ótima comida e a boa vida que se tem por aqui em busca de um futuro melhor? É simples: porque Portugal é bom demais sim, mas não é esse paraíso todo. Infelizmente, às vezes é preciso sair daqui para alcançar outras coisas, mais oportunidades.

Brasil e Portugal estão em continentes e realidades diferentes, mas é preciso lembrar que estão no mesmo planeta. Ambos têm muitos pontos positivos e negativos. Não há paraíso sem problemas na Terra, nem mesmo os países nórdicos, que são referências em tantos índices de qualidade de vida, são perfeitos e sempre felizes.

O conselho que fica para quem quiser ouvir é: antes de correr para fazer as malas, corra é para se informar e ponderar o que você procura na vida e o que está disposto a enfrentar ou abrir mão (ainda mais se essa mudança envolver a família inteira). Por incrível que pareça, às vezes quem avisa é amigo mesmo.

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