5 pratos inusitados da culinária espanhola

Quando mudamos de país, uma das diferenças com a qual mais nos preocupamos é em relação à comida típica do lugar: “será que vou gostar? E se não tiver nenhuma comida que me agrada? Será que vou achar ingredientes para cozinhar pratos do Brasil?”.

No meu caso parece que não haveria tanto problema assim, afinal estou vivendo na Espanha, e a culinária espanhola é bem difundida e apreciada no Brasil… Será? Logo nos primeiros meses vivendo no país, percebi que o universo gastronômico local é bem maior do que conseguimos conhecer quando não vivemos por aqui.

Por isso que hoje decidi apresentar os pratos que achei mais inusitados, seja porque nunca tinha ouvido falar, ou por não ter experimentado antes. Confira abaixo!

Culinária espanhola e horários de comer na Espanha

Antes de falar das comidas propriamente ditas, é interessante comentar que os horários de comer na Espanha causam espanto para quem chega do Brasil.

Para se ter uma ideia, por aqui o café da manhã pode começar às 7h (para quem toma em casa, pois a essa hora começam a abrir as padarias), ou às 8h-9h (quando os bares ou cafeterias começam a abrir, para quem toma café fora de casa) e vai até 12h.

É isso mesmo, até o meio-dia os bares ou cafeterias servem café da manhã! Além disso, praticamente todo mundo toma café fora de casa, e muita gente tem um intervalo no trabalho (costuma ser meia hora) para sair e tomar café.

O almoço costuma ser entre às 14h e 16h, pois a maioria das pessoas saem do trabalho às 13h30-14h e vão para casa e, se precisam voltar ao trabalho, recomeçam às 17h-17h30.

Muitos empregos são de meia jornada (de 8h a 14h), principalmente em órgãos públicos e bancos. Os que são jornada completa, como lojas, escritórios etc., fazem um turno de manhã e um à tarde/noite, pois é costume por aqui ficar algumas horas fechado para almoço.

Portanto, muitos espanhóis têm 3h de almoço! Em cidades pequenas eles podem até ir para casa, preparar a comida e dormir um pouco (a famosa siesta) antes de retornarem ao trabalho.

Justamente por terem essa quebra de horário durante o dia, e voltarem a trabalhar no fim da tarde, ficando até a noite (mais ou menos de 17h às 20h-21h), os espanhóis chegam em casa tarde e jantam lá pelas 22h, ou talvez até mais tarde!

E não são só os horários que diferem do que estamos acostumados no Brasil quando se trata de comer. Algumas pratos também são bem diferentes. Segue a lista de alguns que, na minha opinião, são os mais distintos:

Habas

 

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As habas são legumes verdes que parecem vagens gigantes, inclusive é preciso debulhar para tirar os grãos, que são a parte comestível.

São muito comuns no sul, onde algumas pessoas as comem cruas. Mas a forma mais tradicional, pelo menos aqui na província onde vivo, é comê-las cozidas acompanhadas de panceta frita e ovo frito com a gema mole (na hora de servir, o ovo é cortado para que a gema se espalhe pelos grãos).

O cozimento é feito em água com sal, não precisa por na panela de pressão. Em uns 30 minutos, mais ou menos, elas ficam amolecidas e podem ser refogadas com alho ou cebola e azeite. As pancetas e o ovo, fritos separadamente, são colocados por cima e pronto! O meu marido virou fã do prato, já eu…

Callos

 

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Quem está acostumado e gosta de comer dobradinha não vai estranhar esse prato, já que ele também é feito com tripas de vaca. Adicione ao cozido chorizo, jamón, batata e grão de bico e você terá o verdadeiro callos a la madrileña, a versão mais conhecida.

O sabor é bem forte, por isso que essa comida é mais apreciada no inverno, e a textura pode não agradar a todos, já que as tripas de vaca tem uma certa rugosidade que causa estranhamento a quem não está acostumado.

Sobreasada

 

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A sobrasada é um embutido feito de carne de porco misturada com pimentão vermelho em pó, sal e pimenta. Ela pode ser encontrada como se fosse uma linguiça (envolta em tripa) ou em forma retangular (como uma goiabada daquelas embaladas em plástico).

A forma mais comum de comê-la é com pão, e muita gente corta um pedaço, e, com a ajuda de uma faca, espalha a sobrasada no pão, já que ela tem uma consistência meio mole.

Essa comida é mais comum na Catalunha e nas Ilhas Baleares (Mallorca, Menorca e Ibiza), onde é consumida até no café da manhã. O gosto é bom, mas é bem gordurosa.

Caracol

O famoso escargot da França, que aparentemente rende pratos requintados e caros por lá, é chamado de caracol por aqui e consumido de forma bem mais simples: ensopado.

É do Marrocos que chegam esses crustáceos que são muito apreciados pelos espanhóis, e a receita mais simples é cozinhá-los com algum caldo, seja caldo de frango, de legumes ou com molho de tomate. Fica a gosto da pessoa acrescentar legumes picados, como batata, cenoura ou ervilha. O sabor é OK, o mais difícil é lidar com textura do bichinho.

Tinto de verano

 

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Este último não é para comer, mas sim para beber. O tinto de verano é bem simples: basta misturar um pouco de vinho tinto com refrigerante de limão, ou água com gás adocicada, e gelo. O nome da bebida já indica a época em que os espanhóis mais gostam de consumi-la: no verão, pois o refrigerante e o gelo dão um frescor ao vinho.

Misturar refrigerante com bebida alcóolica não é uma ideia só da Espanha, no Brasil mesmo vemos muitas pessoas que bebem vodca com coca-cola ou sprite, por exemplo, mas fazer isso com o vinho nunca tinha passado pela minha cabeça. E fica bem bom.

A outra opção de mistura com o vinho é uma espécie de água com gás adocicada que aqui é conhecida como gaseosa. Aliás, muita pessoas se referem ao tinto de verano usando a palavra gaseosa. No Brasil eu nunca vi esse tipo de água, então a opção é fazer com o refrigerante mesmo.

Este conteúdo é de total responsabilidade do autor da coluna Gabriela Morandini. Acompanhe também o trabalho da Gabriela

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