Para quem vai e para quem fica

Quem por aí já não ouviu alguém dizer “Viajar é uma delícia, mas voltar pra casa é melhor ainda”? Acredito que já escutaram isso mais de uma vez, não é? Ou até já disseram essa frase em algum momento.

Muitas vezes também me perguntam se eu não sinto saudade de casa quando estou viajando e é lógico que sinto! Sinto saudade das pessoas, dos meus cachorros, da minha cama e de outros detalhes que fazem sentido somente para mim. Aquelas pequenas coisas que teimamos em valorizar quando estamos distantes do que conhecemos, somente quando nos afastamos do contexto que estamos inseridos e conseguimos olhar a nossa vida de uma forma mais ampla.

Penso que isso deve ser uma questão amplamente pensada e discutida por quem vai viver em outro país, ainda que momentaneamente, por aqueles que deixam tudo para trás buscando outras experiências e oportunidades.

Mas a questão aqui não é essa. Não é do que sentimos falta e sim de como lidar com essas faltas, como lidar com essas saudades e como não deixar que isso te impeça de viver algo que deseja. A questão aqui é tentar não sofrer antecipadamente por algo que ainda não sabemos como será, é desapegar do conforto que temos e se apegar nas histórias que viveremos.

A questão não é fingir que não sofremos com as distâncias, com as ausências e que não temos medo disso tudo, mas é saber da nossa capacidade de ressignificar de alguma forma. É saber que não é só questão de deixar para trás, mas sim de colher lá na frente.

Diz respeito a quem fica e como esse lado da equação precisa apoiar, entender e deixar de lado os próprios medos e receios. É deixar de lado o que você queria para entender o que o outro quer e precisa. É lidar com suas angústias de forma silenciosa para que não atrapalhe quem quer ir e não se sente tão seguro assim. É abandonar alguns planos que sonhou e entender que o outro não estava sonhando isso com você e nem por isso significa que ele não te ame e não sinta sua falta. Entender que às vezes, para seguirmos em frente, é preciso até que tenhamos uma dose de egoísmo, porque se pensarmos somente nos outros não conseguiremos permanecer em nosso caminho.

Na verdade, a vida é sempre conseguir fazer esse movimento, porque o outro vai embora muitas vezes, e não somente para outro país. O outro vai embora para dentro de si, para reinventar-se. O outro vai embora e volta no dia seguinte, ou até no mesmo dia, mas ele precisa ir e o papel de quem fica é aprender a manter-se.

Este conteúdo é de total responsabilidade do autor da coluna Adriana Biem | A Psicóloga Viajante. Siga também o Instagram da Adriana.

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