Como foi mudar de país por causa de um relacionamento

Um relacionamento que começou na Austrália, entre um espanhol e uma brasileira, que se conheceram em uma barraca de comida húngara. O que podia dar uma mistura dessa? Hoje eu vou contar um pouco da minha história e algumas coisas que eu acho importante comentar sobre mudar de país por conta de um relacionamento.

Como tudo começou

Há alguns anos, fiz um intercâmbio para a Austrália. Como lá é permitido trabalhar durante esse período, logo que cheguei comecei a buscar uma ocupação. O primeiro trabalho que eu consegui foi em uma feira livre. Era uma barraca de comida húngara, onde eu fazia um tipo de panqueca de batata.

Foi lá onde eu conheci o meu marido, mas ele trocou de emprego logo em seguida e cada um seguiu sua vida. Apesar de não trabalharmos mais juntos, continuamos em contato e nos víamos às vezes. Depois de um tempo, novamente trabalhamos juntos em outro lugar.

Começamos a conversar diariamente, até que um dia eu comentei que ia viajar pela Ásia com as minhas amigas. Ele se convidou e acabou indo com a gente. Foi aí, nessa viagem, que o relacionamento começou. Foram dois meses viajando. Os últimos 10 dias da viagem foram na Nova Zelândia viajando de motorhome, só eu e ele.

Então, cada um foi para o seu país e depois de muito “O que a gente faz?”, eu acabei vindo para a Espanha. Muitos fatores foram levados em consideração. Minha intenção depois da Austrália era voltar para o Brasil e essa “mudança de planos” não foi nada fácil. Foram dias e dias pensando, ensaiando como contar e sem certeza de nada.

Apesar do nosso relacionamento ter sido muito curto, eu considero que foi como ter um relacionamento longo em pouco tempo. Vou explicar: viajar e passar 24 horas com uma pessoa por dois meses, para mim, valeu mais que uma relação de muito tempo com encontros de fim de semana, onde cada um volta para a sua casa depois. Não existe disfarce, principalmente em uma viagem para a Ásia.

Depois de tentar evitar todos os golpes, passar medo, ver lugares incríveis, achar que íamos morrer e essas coisas que podem passar em uma verdadeira aventura, uma pessoa não consegue ser um “personagem”. Viajar dessa forma é conhecer perfeitamente uma pessoa.

Estou contando isso porque foi um dos motivos fundamentais para eu decidir a minha mudança. Se eu não confiasse que realmente conhecia o meu marido naquela época, talvez eu nem tivesse vindo para cá.

E se eu me arrepender?

Esse foi o segundo motivo para eu ter encarado a mudança de país. Eu tinha claro na minha cabeça que se eu achasse que esse relacionamento não ia funcionar eu voltaria.

A gente não pode ter medo de errar, nem do que as pessoas vão pensar ou comentar. Ninguém sabe melhor da sua vida do que você mesmo. Esquece a sensação de fracasso. Se acharmos que um relacionamento (mesmo que tenha custado uma mudança de país) não vale a pena, não devemos nos sentir mal de voltar e começar de novo.

A gente tem que tomar muito cuidado com os sonhos e expectativas sobre os relacionamentos. Costumamos sonhar em como pode ser nossa vida com outra pessoa, principalmente no começo que tudo é mais “bonito”. Criamos um filme na nossa cabeça do futuro e isso é normal. O que realmente não pode acontecer é nos apegarmos a futuros hipotéticos. Se tudo estiver dando certo no presente, eu garanto que o futuro será ótimo, seja ele qual for.

Cuidados

Eu já ouvi diversas histórias de relacionamentos entre pessoas de países diferentes. Existem milhões de possibilidades de como conhecer alguém de lugar do planeta. Por isso, deixar dicas específicas aqui, acaba sendo um pouco difícil. Só que eu não posso deixar de falar sobre alguns cuidados sobre esse assunto.

Apesar de ter muita certeza que conhecia o meu marido antes de vir, eu podia estar errada. Assim como eu já li diversas histórias de mulheres que passaram por alguns problemas depois que mudaram por conta de um relacionamento e aposto que todas elas achavam que conheciam o parceiro.

Li histórias desde de parceiros que escondem o passaporte até problemas com a guarda das crianças. Tudo muda quando você muda. Não é mais o seu lugar, as leis são diferentes. Por isso, eu só quero dizer que precisamos tomar certos cuidados e ter certeza sobre a pessoa com quem vamos morar. Espere um tempo para tomar passos importantes dentro desse relacionamento.

Veja a vida dessa pessoa, a família, como trata os parentes próximos e como se relaciona com os demais. Conheça os amigos, tente saber um pouco do passado e esteja atenta. Tente não mudar sem dinheiro nenhum, tenha sempre uma reserva e pessoas de confiança que você possa contar sempre que precisar.

Construir um relacionamento leva tempo

O amor não precisa ser aquela coisa romântica como vendem para a gente. O amor se constrói e isso leva tempo, ainda mais em línguas e costumes diferentes. A paciência, o tempo e a intuição são os seus melhores amigos nessa mudança de vida.

Essa lenda de encontrar o príncipe encantado, ir morar com ele e viver feliz para sempre já acabou faz tempo. Somos humanos, cheios de defeitos e viver com outra pessoa não é fácil. As duas partes têm que estar dispostas a aprender e evoluir juntas.

Quando a gente junta, todos esses desafios de morar juntos com tudo que implica a adaptação em um novo país ou cultura, distância da família, clima, etc., isso já vira uma odisseia.

Como existem muitas outras coisas que eu gostaria de contar sobre esse assunto, vou continuar esse texto na próxima postagem minha aqui no “Já Fez as Malas?”. Vou escrever falando sobre como foi a adaptação, os primeiros meses e o que eu fiz para me integrar e conhecer pessoas aqui. Não deixe de acompanhar!

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Este conteúdo é de total responsabilidade do autor da coluna Julia Queiroz. Siga também o blog da Julia.

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